Crochê que cura: adolescentes de Sinop criam ‘amigurumis’ terapêuticos para bebês e crianças

A iniciativa combina trabalho, solidariedade e socioeducação, oferecendo aos adolescentes uma forma criativa de reconstruir histórias e desenvolver habilidades pessoais e profissionais.

Desde 2021, o projeto “Ponto de Esperança” vem florescendo dentro do Centro Socioeducativo Masculino de Sinop, mostrando que o crochê pode ser muito mais do que uma simples atividade artesanal. A iniciativa combina trabalho, solidariedade e socioeducação, oferecendo aos adolescentes uma forma criativa de reconstruir histórias e desenvolver habilidades pessoais e profissionais.

Crochê como ferramenta de transformação

O projeto nasceu como uma alternativa educativa para reduzir o isolamento e abrir novas perspectivas no ambiente socioeducativo. Por meio da técnica japonesa “amigurumi” — que utiliza crochê para criar pequenos bonecos e objetos decorativos —, os adolescentes aprendem a transformar linhas e agulhas em símbolos de afeto, disciplina e superação.

Mas o impacto vai além dos muros da unidade: as peças produzidas são doações cheias de significado. Os amigurumis confeccionados pelos jovens são entregues à ala pediátrica do Hospital de Câncer de Cuiabá e a bebês internados em unidades neonatais de Mato Grosso.

Entre as criações mais emocionantes estão os polvinhos de crochê, cujos tentáculos simulam o cordão umbilical, proporcionando aos recém-nascidos a sensação de aconchego e segurança semelhante à do útero materno. Essa técnica é utilizada em diversos hospitais por seus efeitos calmantes e terapêuticos nos bebês prematuros.

Benefícios que vão além da arte

De acordo com a assistente social Lucélia Pacheco, o crochê tem papel fundamental no equilíbrio emocional e no desenvolvimento cognitivo dos adolescentes.

As oficinas também fortalecem o trabalho em grupo, a convivência saudável e o respeito mútuo, promovendo momentos de cooperação e aprendizado coletivo.

Os jovens utilizam linhas específicas para amigurumi, olhos com trava de segurança e fibra acrílica para enchimento. Por não ter fins lucrativos, o projeto depende dessas doações para seguir ativo — e tudo o que é produzido é entregue a instituições beneficentes e hospitais, reforçando o vínculo entre atividade laboral e solidariedade.

Educação e propósito

O “Ponto de Esperança” está alinhado ao Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), dentro do eixo Lazer e Cultura, e tem como objetivo promover o desenvolvimento integral dos adolescentes, incentivando autonomia, empreendedorismo e a construção de um projeto de vida positivo.

Mais do que ensinar uma técnica artesanal, o projeto se tornou um símbolo de empatia, recomeço e inclusão, provando que o trabalho coletivo e o gesto solidário podem transformar vidas — tanto de quem faz quanto de quem recebe.


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